domingo, 15 de fevereiro de 2009

O dia do Sr. Marcos

Das tantas histórias que circulam por este bar, assim disse uma:

Sexta-feira, dia 13 de Fevereiro de 2009. Foi o pior dia da vida do Sr. Marcos. Acordou às seis, como de costume, porém com 3 interrupções pela madrugada: seu filho chegou em casa às 2 da manhã, o alarme do carro disparou subitamente às 3:15 e a filhinha recém-nascida chorou desesperadamente por nada, às 4. Fora isso, até aí tudo estava na normalidade. Foi tomar um banho, o chuveiro não esquentava... havia algo errado com o gás. Anotou na mente: mandar consertar o gás. Após uma "terapia" de água fria, desceu para tomar o café da manhã. Excepcionalmente aquele dia, sua esposa, Carla, havia errado na quantia de pó ao fazer o café, pois derrubou um pouco a mais por acidente. Acontece, não mata ninguém tomar um café pior do que os outros de vez em quando. Ele então observou que haviam deixado alimentos na mesa na noite anterior, e esqueceram de colocar de volta na geladeira. Estragou tudo. Anotou na mente: Fazer compras. Tudo indo bem, apesar dos ocorridos, até que ele deixa cair café em sua camisa preferida. Ela era branca, até então. Como estava atrasado (o banho e o café fora de costume atrasaram), não teve tempo de trocar. É mesmo, ele se lembrou: o filho. Tinha que acordar o filho, para ir à escola. O filho enrola, diminuindo a paciência de nosso amigo Marcos, sonolento pelas singelas interrupções no meio da noite de sono que acabou não tendo. Mas com um esforço aqui e ali, consegue fazer Ricardo sair de sua cama e se aprontar. Ainda não terminou seu café (estava muito ruim), mas, compreensivo que era, fez o sacrifício. Afinal sua mulher não teria intenção alguma de irritá-lo, prejudicá-lo ou coisa parecida. Era um casal normal, com seus altos e baixos. Passavam por um baixo, atualmente, devido a um novo vizinho que muito observa Carla, como que de propósito para acabar com a paciência de nosso amigo. Foi à frente da casa pegar o jornal diário local. Ótimo, o jornaleiro distraído jogou forte demais, e o jornal está no telhado. Sem tempo hábil para pegá-lo, volta à cozinha. Termina finalmente seu café, que parecia nunca acabar, só porque estava ruim naquele dia. Seu filho está reclamando, e muito. A água não está esquentando. É, esqueceu-se de avisar isso a ele. Avisado então, o filho se decepciona com o pai, o que melhora ainda mais o humor de Marcos na nossa história. Espera seu filho ficar pronto e quando está no carro, a mulher lembra-se de pedir algo muito fácil: comprar o remédio da pequena filha Susan. Nada contra comprar o tal remédio, a não ser pelo fato da única farmácia que o possui ficar do outro lado da cidade. Sete horas e doze minutos, e mais uma anotação: Comprar o remédio de Susan. A aula de Ricardo começando às sete e meia. E o colégio dessa história não podia ficar tão perto da casa de nosso protagonista. O filho pede dinheiro para almoçar, quando estão a 1km de casa, quando Marcos percebe que não está com sua carteira. Perfeito, ela está em algum lugar da casa. Procurando o celular para avisar sua esposa para que procurasse a carteira, a fim de poupar tempo enquanto ele volta para casa, acaba descobrindo que também o esqueceu. Já vai pensando então nos lugares em que esteve. Em seu quarto, no quarto do filho, cozinha, frente da casa, e como não foi tentar pegar o jornal no telhado, não está lá. Ele após um corrido minuto, encontra seu telefone em seu quarto. Mas a carteira, ah, é mesmo, esqueceu no trabalho no dia anterior. Quanto azar. Como daria o dinheiro ao filho, para que ele não morresse de fome? A esposa tinha. Ainda bem. Sai então, finalmente, de casa, ele e o filho ambos já atrasados. Deixando o filho no colégio, parte para seu trabalho, pensando no que dizer ao chefe como justificativa, e não desculpa, pelo atraso, embora ele não vá acreditar. E realmente, nem ouviu o que ele tinha a dizer, se é que deu chance de dizer. Vai para seu escritório, após ter sido esculachado pelos companheiros por causa da mancha de café, e já vê a clássica e costumeira pilha de papéis a serem lidos, preenchidos, conferidos, e tudo mais. Isso ao menos era esperado, mas ainda assim não é bom. Nem vinte minutos depois, o telefone toca. Atendendo, é da escola. O filho matou a segunda aula, e isso vem sendo observado várias vezes, e o chamam para comparecer com ele à tarde no colégio. Ótimo. Mais uma anotação mental: Ir com Ricardo no colégio à tarde, discutir sobre carnificina de aulas frequente. Continuando em sua pilha básica, descobre que deve cobrir por hoje a parte de um companheiro do trabalho. Ele está de férias, e hoje Marcos foi escalado para substitui-lo. Para piorar, a sala dele tem uma senhora gorda que só dorme. Não é dormir o problema dessa senhora, é roncar. E alto, fazendo jus ao seu tamanho. Horário de almoço: uma bênção. Era bom demais para ser verdade. A lanchonete em frente ao seu local de trabalho estava fechada, e a pastelaria mudou-se para outro endereço, nada perto do anterior. Tivesse notado antes, teria pedido uma pizza, ou algo do tipo. Lembra-se então de pegar sua carteira. Estava na gaveta, com um lembrete: pagar a academia, até ontem. Muito bom, mensalidade atrasada. São sua imagem e paciência sendo torrados aos poucos. Ao abrir a carteira então, quanta alegria. Tinha que sacar dinheiro, estava quase sem. Já pensou: perdi meu almoço. Nem tanto. Conseguiu um pedaço aqui e ali de comida dos companheiros, para não desmaiar de fome, ao menos. Corre para o banco mais próximo, apenas duas quadras. Havia chovido no dia anterior. Algumas poças de água ainda restavam nas beiras das ruas. E logicamente, um carro passou rapidamente por uma delas, ao lado de nosso amigo, que ficou muito satisfeito com o resultado. Ao menos não precisaria tomar banho, né? Após isso, chega ao banco bem apresentável. Quando vai ver seu saldo, percebe que a quantia está absurdamente pequena. Era tudo de que precisava, mais coisas a resolver. Anotou: Descobrir problema do saldo no banco. A esse ponto ele nem se lembrava das outras anotações, mas tudo bem. Saiu do banco, finalmente tudo parecia se resolver. Achou uma padaria no caminho, e comprou salgadinhos, pois faltavam dez minutos para o término do horário de almoço. Iria agora até as três da tarde. E foi. Mesmo com as risadas histéricas de seus companheiros, dado ao seu "look" incrível, aguentou firme até as três. Saindo do trabalho, o filho liga dizendo que o pai precisa comparecer lá e já. Sorte, talvez, de ele ter ligado, pois Marcos havia se esquecido disso. Muito bem, mais uma anotação: Encher o tanque do carro. Chegando na escola, discutiu um pouco com o coordenador, que não aguenta mais ver Ricardo fora das aulas, e pergunta a Marcos como ele suporta. Óbvio que já sabemos a resposta. Saindo de lá, ele pergunta a seu filho o que mais devia lembrar-se de fazer, ao que ele responde: o remédio de Susan. Muito bem lembrado, essa foi o mínimo que ele tinha de fazer para se redimir do que fez na escola. E partiram rumo à farmácia. Chegando lá, descobre que acabou o remédio e só chegará mais no mês seguinte. Ótimo, mais uma alegria do dia. O filho pede para ficar na casa de um amigo que mora ali perto. Muito bem, não parece difícil. Deixando ele lá, o infortúnio ataca novamente. O carro enguiça, e não é pela falta de combustível, mas sim pela falta de sorte. Anotando: Pagar o conserto do carro. O caminho para casa é longo, mas ele resolve avisar a mulher do ocorrido. Perfeito, acaba a bateria do celular, e Carla não atende ligações a cobrar, e ele não tem à disposição cartões telefônicos. Parte rumo à sua casa, sendo atingido por mais duas poças de água no caminho. Chegando um pouco tarde, vê sua mulher conversando com o vizinho em frente à casa dele, se despedindo com um abraço forte. Era tudo de que precisava, desconfiar da mulher agora. Ela, vendo-o, se espanta, acha que foi assaltado ou algo do tipo. Contando sobre o carro, o remédio, Ricardo, ele resolve tomar um banho. É quando ela pergunta: O que teremos para o jantar? Nesse momento se dá conta de que não fez as compras. É lógico, sempre algo está faltando. Resolve não se preocupar muito e pede uma pizza. Mais problemas, para variar. A pizza demora uma hora para chegar, chega fria e com o sabor errado. Combo três em um de azar. Que surpresa, pensou ele. Como se não tivesse passado por nada assim. Após comer, resolveu tomar um banho, obviamente. Lembrou-se do gás. Ou melhor, da falta dele. Sofreu mais um pouco de "terapia" de água fria. Mas, para sua surpresa, encontra todas as luzes da casa apagadas. Estranho, não pode ter acabado a energia da casa toda, menos do banheiro. Impossível. E acende a luz da sala. SURPRESA!!! Vizinhos, amigos, familiares de toda parte, durante um simples sofrido banho, encheram a casa, com um bolo ao centro. Cantaram-lhe os parabéns. Havia salgadinhos, presentes de toda sorte. E sua esposa vem comentar: Querido, eu me esforcei muito para tornar esse o seu pior e melhor dia da vida, espero que eu tenha conseguido...
E o que tem o Sr. Marcos a dizer sobre isso? Ora, eu tenho muito a dizer... mas por agora, é o seguinte: Se tem algo importante na vida, são as surpresas... quem nunca teve uma? Seja boa, seja ruim? Elas têm de importante o seguinte: Elas MARCAM nossa vida. De forma positiva ou negativa, tanto faz. O importante é que elas fazem parte do que chamamos de nossa história... que se fosse ser contada, elas estariam em negrito ou em itálico. Enfim, devemos sempre aproveitar as surpresas da vida, pois são elas aquilo que torna-a interessante.
Muito obrigado!

3 comentários:

  1. Beeeeeeeeerrrttt!!!! Finalmente eu liii, veeeiii fiko tao bom q eu nem percebi o tamanhu dela (mintira teve uma vez q eu falei, vei isso naum acaba?)
    Meu vc flo uma coisa perfeita na tua cronica, Supersas marcam, seja ela boa ou ruim, supresa eh sempre uma surpresa xD

    ResponderExcluir
  2. Gostei da crônica =o
    já imaginem que aconteceria isso XD
    EHUAEAHEUH

    ResponderExcluir